Seguindo, como declarado pelo Movimento das Mulheres do MST, “eucaliptos não é alimento”. Certamente, essa afirmativa está na mente da maioria da população. Ledo engano — hoje trata-se também de alimento.
Mas, registrando o fato de que, no dia 10 de abril, o MST voltou a ocupar uma área de florestas plantadas de eucaliptos em Triunfo-RS, no antigo Horto Florestal Renner, onde a CEEE possuía tratamento de postes de madeira, sob o lema “Ocupar para alimentar o Brasil”.
Segundo a deputada estadual do PT de Minas Gerais, Macaé Evaristo:
“As mulheres lutam pelo direito à terra, por segurança alimentar, educação e saúde, e por um lugar onde seus filhos possam reclinar a cabeça. São homens e mulheres que se organizam: cantam, cozinham e ocupam uma terra improdutiva, não muito diferente daquilo que prevê a nossa Constituição, conforme disposto na Lei 8.629 de 1993 e no Decreto 433 de 1992, que regulamenta o rito de aquisição das terras. A ocupação tem o propósito de apresentar áreas improdutivas que podem entrar no processo de desapropriação, que deve ser apresentado pelo Incra, quando identificada a improdutividade do imóvel”.
Em contrapartida, o articulista Xico Graziano, que é engenheiro agrônomo, doutor em istração e professor de MBA da FGV, afirma que o avanço tecnológico traz enorme vantagem à silvicultura tropical, levando o Brasil a se tornar o maior exportador mundial de celulose.
Sobre a citação “Eu não como eucalipto”, refere-se como uma das frases mais cretinas que já escutou na vida: “essa é a mais estúpida”. “Nós também não comemos livros...” (Leia mais no texto original: https://www.poder360.com.br/opiniao/a-insanidade-do-mst-contra-o-eucalipto/).
O que é celulose
Para melhor entendimento, terei que explicar o que é celulose, de onde vem, para que serve e em quais produtos essa matéria-prima está presente.
A celulose é um dos componentes mais essenciais e abundantes da natureza. É um polissacarídeo formado por moléculas de glicose, encontrado nas paredes celulares das plantas, sendo o componente estrutural mais abundante no reino vegetal — está presente em praticamente todas as plantas, desde árvores (eucalipto, pinus, bambu) até as plantas menores, como gramíneas.
“O nome vem de um elemento químico, que é um carboidrato polissacarídeo, ou seja, um polímero de moléculas 'enfileiradas' que, quando dissolvido em ácido ou quebrado em seus elementos, gera moléculas de glicose”.
Esse polímero orgânico é uma matéria-prima versátil e sustentável para inúmeras indústrias, sendo utilizado na produção de papel, biocombustíveis, materiais de construção e até em produtos alimentícios.
Sua polivalência, abundância e potencial de se biodegradar a tornam um recurso essencial na transição para uma economia mais sustentável.
Comercializam-se as fibras, que são as células vegetais isoladas e purificadas, após arem por processos industriais. Essas fibras são a base para diversos produtos, principalmente papéis (embalagens, livros etc.), mas também têm uma presença importante em outros setores, como o de higiene pessoal.
De onde vem a celulose usada na indústria
O processo de extração da celulose é feito principalmente a partir de árvores, como eucalipto e pinus. A fibra de celulose do eucalipto, em particular, destaca-se por sua eficiência, tanto em termos de rapidez de crescimento quanto de custo de produção.
“O eucalipto é a fonte de fibras de celulose que mais cresce no mundo. Trata-se de uma cultura que apresenta produtividade florestal com excelente rendimento. Além disso, a homogeneidade da qualidade dessa fibra tem sido cada vez mais reconhecida.
A celulose solúvel é um excelente estabilizante, emulsificante e espessante, capaz de integrar grande número de alimentos industrializados e processados, como sorvetes, iogurtes, biscoitos, doces, hambúrgueres, queijos, molhos, ketchup e sopas”.
Com todos esses usos demonstrados, será que viveríamos sem os eucaliptos?
Será interessante questionar e debater: se não fossem os eucaliptos e os pinus, o que seria da nossa floresta nativa? Pois, de onde viria a madeira de múltiplos usos para suprir as indústrias de celulose e papel, indústrias moveleiras, construção civil, carvão vegetal, cavaco, briquetes, pellets e lenha?