Em novembro, juntamente com outros 40 líderes de comunidades judaicas ao redor do mundo, estivemos em visita oficial aos Emirados Árabes Unidos, integrando a delegação do Jewish Diplomatic Corps (JDC), braço diplomático do Congresso Judaico Mundial (WJC), organização máxima das comunidades judaicas, em mais de 100 países.
A viagem foi organizada junto com a Embaixada dos EAU em Washington como parte das comemorações do primeiro aniversário dos Acordos de Abrahão, quando Israel e os EAU (além de Bahrein, Marrocos e Sudão, posteriormente), concordaram com a normalização das suas relações. Os Emirados são um país jovem, que neste mês completa 50 anos da sua unificação.
Quando pensamos nos Emirados as imagens que vêm são dos enormes edifícios, luxuosos hotéis, gigantescos shopping centers e uma infinidade de atividades turísticas que o país oferece. Tudo isso, pensamos, é o fruto dos generosos dividendos que o petróleo proporciona àquela nação.
Aprendemos, todavia, que essa visão é estreita, e não representa de fato aquilo que o país tem de melhor e que é digno de exportação, especialmente quando consideramos a região na qual o país está inserido. Entre tantos aspectos positivos que pudemos constatar, poderíamos citar o enorme comprometimento com um mundo mais sustentável, não à toa Dubai será a sede da COP28 em 2023.
Mas há um aspecto que, sem dúvidas, é o mais relevante e impressionante. Os Emirados são um exemplo de tolerância e respeito às diferenças, e não apenas nos discursos dos Ministros de Estado e formadores de opinião. A tolerância e o respeito são, a toda evidência, um valor da sociedade emiradense. Um valor colocado em prática do dia-a-dia, ensinado às novas gerações e, acima de tudo, socialmente exigido.
A pauta é tão relevante que há um Ministro da Tolerância, o Sheikh Nahyan bin Mubarak Al Nahyan. Foi dele que ouvimos que, apesar das diferenças, temos que ressaltar os aspectos que nos unem, pois estes são bem maiores do que daqueles que nos afastam. Essas similaridades, presentes na religião, na língua, nos costumes, na alimentação, fizeram com que uma viagem para conhecer os Emirados se tornasse, ao fim e ao cabo, um reencontro de velhos amigos.
É alvissareiro ver a educação nas escolas locais, que não ensina as crianças a odiar o diferente ou estabelecer falsas hierarquias, como ocorre em outros países da região. Ao contrário, ensinam e reforçam as crianças a aceitar e respeitar as diferenças, estimulando-as a conhecer novas culturas e formas de viver. E isso, com o perdão do trocadilho, faz toda a diferença.
Como judeu é muito provável que você se sinta mais à vontade para usar a sua quipá (solidéu) nas ruas de Dubai ou Abu Dhabi do que nas ruas de Paris ou Bruxelas, onde o antissemitismo é crescente, infelizmente. Nos Emirados, nos sentimos acolhidos, bem quistos e protegidos. E não poderia ser diferente, afinal é assim que tratamos velhos amigos.
Mazal tov Emirados Árabes Unidos! Que as lições desta jovem nação ganhem o mundo todo!
- Sebastian Watenberg é empresário no ramo de consultoria em Relações Institucionais e Governamentais; e voluntário em diversas instituições. Atual presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS); diretor da Confederação Israelita do Brasil (CONIB); e membro do Jewish Diplomatic Corps do World Jewish Congress (WJC).
- Ariel Krok é empresário no ramo de tecnologia de telecomunicações, palestrante, voluntário em diversas instituições, diretor da JJO (Juventude Judaica Organizada) e Membro do Steering Committee (mesa diretora) do Jewish Diplomatic Corps (JDCorps) braço diplomático do World Jewish Congress (WJC), orgão máximo das comunidades judaicas em mais de 100 países.