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Resistir ou Reexistir 225g1o

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Marcos Vinícius Simon Leite
Por Marcos Vinícius Simon Leite
Foto Rodrigo Finardi

Talvez você nunca tenha conhecido uma Tia Dolores, uma Tia Selma ou mesmo uma Tia Medina. São nomes do ado. Crianças que já nascem com 35 anos, como diz um amigo meu. É raro alguma mãe chamar por uma filha no corredor de um shopping com num sonoro Do-lo-res! Chamaria muito mais atenção do que um simples Valentina. Esse já foi nome antigo, mas hoje está na moda. Você chama uma e vem logo duas ou três, graças a Deus!

A etimologia e sua força

Mas a Tia Dolores está presente em todas as famílias, com outros nomes, com outras histórias. Na beleza de sua etimologia estão os fardos que a neurolinguística impõe ou que mesmo a sonoridade de seu nome insiste em atrair. Aos mais práticos, um nome que soa como uma sentença. Nós, seres que abominamos dificuldades, jamais colocaríamos o nome Dolores em uma filha, quiçá Maria das Dores. Mas um nome forte como esse nunca vem sozinho. Sábios são os pais que decidem por ele. São nomes capazes de dar novos significados à vida da uma família e isso os antigos faziam sem medo. Eles não pensavam na criança, pensavam na família.

Feminismo precursor

No meu caso, a minha Tia Dolores foi sempre exemplo e por conta de seu enorme coração, a chamamos carinhosamente de Dodó, já faz 70 anos. A única filha de nove irmãos que não fumou. E olha que não fumar nos anos 70 era quase sinônimo de não respirar. A Dodó foi sempre uma mulher à frente de seu tempo. Uma feminista em tempos onde era proibido ir à missa de slack. Era tentador demais para os instintos da época. Também foi a única que não se casou, mas o pai de suas filhas era negro, uma aberração naqueles tempos. Mas como seu nome assenta, seus feitos seriam reconhecidos por suas batalhas e não por seus atributos menos elevados, que sequer tinha tempo de cultuar. O feminismo dela não era de natureza sexual. Era de força, de garra e de independência, palavra linda. Além de Dolores, Maria.

Vencendo barreiras

A minha Tia Dolores venceu muitas barreiras. Mãe solteira, também ou pela experiência que a maternidade mais abomina: a perda de um filho. Uma filha, no caso dela, perdida por uma crise de asma. Tão banal como um susto, tal como essa crise que assolou mais de meio milhão de brasileiros nos últimos dois anos, num avesso de Gênesis 2:7. “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem ou a ser alma vivente. ”

Vencendo a perda de um filho

Muitas famílias já aram por essa experiência de enterrar os filhos. É uma provação para poucos, um avesso do Gênesis. Um desafio marcante e triste, capaz de assolar somente aos mais fortes. Ao mesmo tempo, poucos são aqueles que aceitam, assimilam e fazem da vida um motivo de exemplo, como fez a minha Tia Dodó. Se repararmos bem, quase todas as famílias têm uma Tia Dolores. São pessoas que a gente olha e percebe a grandeza da alma. Por trás daquele olhar triste, profundo, com cuidado, percebemos em verdade a concentração do que há de mais divino na vida: o amor pela vida, o amor pelas pessoas e a certeza de que devemos seguir firmes em nossos propósitos.

Resistir ou reexistir

A morte é sempre um tema delicado. Fingimos fugir dela o tempo todo, quando em verdade estamos cada dia mais próximos. Mas resistir, ou reexistir à morte de um filho merece sempre ser lembrado como o mais valente dos atos de amor. Por isso, rendo aqui, a minha mais profunda homenagem a todos os pais e mães que um dia perderam a convivência de seus filhos. Parabéns às Dolores!

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