O Dia dos Pais, no Brasil, é comemorado anualmente no segundo domingo do mês de agosto. A ideia inicial que teve como propósito atrair anúncios de produtos a serem dados de presente, é atribuída ao publicitário Sylvio Bhering, Diretor do Jornal e da Rádio Globo, e aconteceu a 16 de agosto de 1953.
De acordo com o Dicionário Histórico Biográfico da Propaganda, a grande sacada rendeu ao executivo o reconhecimento como Publicitário do Ano à época.
O festejo igualmente atendia o anseio popular de celebrar os papais, pois o Dia das Mães já existia oficialmente desde 1932. A efeméride, assim, foi bem aceita pois fortalece os laços familiares, e também o caixa dos lojistas.
No catolicismo, durante longo tempo, a data foi dedicada a São Joaquim, que segundo a Bíblia, era pai de Maria e, consequentemente, avô de Jesus Cristo. Por tais atributos e parentescos, São Joaquim segue considerado pela Igreja como o patriarca da família. Mais tarde, sua agenda foi transferida para o segundo domingo de agosto, permanecendo até hoje. Atualmente, é lembrado, ao lado de sua mulher, Santa Ana, a 26 de julho, Dia dos Avós.
A par, a liturgia católica enfatiza em suas missas e documentos a importância da figura paterna de São José, marido de Maria, mãe de Jesus, desde o início do Século XVI, pelos franciscanos, no intuito de reforçar o papel paterno. Com o ar do tempo, aconteceu uma obvia correlação entre José e a paternidade, de forma que as celebrações de 19 de março, reservadas ao santo, aram a incluir os pais em geral.
Tais fatos e suas peculiaridades justificam a variação das comemorações de acordo com costumes e crenças dos diferentes povos e lugares. Em Portugal, o “Dia do Pai”, a exemplo de outros países ocidentais, a homenagem acontece nesse mesmo dia.
Estados Unidos e Inglaterra, de modo diverso, celebram o Dia dos Pais no terceiro domingo de junho. Por ser a influência norte-americana bem mais disseminada globalmente, a maioria dos países comemora nessa mesma data. Dentre estes se destacam Argentina, Chile, Grécia, República Tcheca e Jamaica, além de Camboja e Zimbábue.
Por outra, coincidentemente, Samoa, país-arquipélago do Pacífico, comemora o Dia dos Pais no segundo domingo de agosto. China e Taiwan têm um dia fixo – muito próximo do nosso, 8 de agosto.
Os festejos familiares, geralmente acontecem no aconchego do lar. Embora nem todos os pais sejam iguais, o sentimento predominante é de amor, afeto e gratidão a esse personagem absolutamente singular na existência de cada um.
À parte motivações religiosas e comerciais, particularmente, não conheço obra artística mais pura e bela que expresse tão bem as emoções e sentimentos predominantes nesse dia especial. Trata-se da música Mi Viejo (Meu Velho). êxito internacional de Piero Franco, compositor mexicano, na década de 1970. Aqui foi sucesso inesquecível na voz de Altemar Dutra. o a seguir a linda letra original:
“Es un buen tipo mi viejo
Que anda solo y esperando
Tiene la tristeza larga
De tanto venir andando
Yo lo miro de desde lejos
Pero somos tan distintos
Es que creció con el siglo
Con tranvía y vino tinto
Viejo, mi querido viejo
Ahora ya caminas lento
Como perdonando el viento
Yo soy tu sangre, mi viejo
Soy tu silencio y tu tiempo
Él tiene los ojos buenos
Y una figura pesada
La edad se le vino encima
Sin carnaval ni comparsa
Yo tengo los años nuevos
Mi padre los años viejos
El dolor lo lleva dentro
Y tiene historia sin tiempo
Viejo, mi querido viejo
Ahora ya caminas lento
Como perdonando el viento
Yo soy tu sangre, mi viejo
Soy tu silencio y tu tiempo
Yo soy tu sangre, mi viejo,
Soy tu silencio y tu tiempo
Yo soy tu sangre, mi viejo”
Deixo um recado final, uma última lembrança aos queridos leitores e leitoras: jamais esqueçam: os pais invariavelmente - cada um a seu modo - amam seus filhos e filhas. Portanto, a eles devemos ser reconhecidos pelo desvelo, esperanças e sonhos.
Frente a esta verdade tão comum, densa e inexorável – afora quaisquer acontecimentos ados mais ou menos tristes ou traumatizantes – aconselho que não deixem para depois o que vocês podem e devem dizer ao seu mestre, herói e amigo no dia de hoje. Mais tarde – com o perdão da redundância -, pode ser tarde demais.
Àqueles cujos viejos já se foram da vida terrena, recomendo que façam uma oração íntima e silenciosa, preferencialmente a sós. Com certeza o pai vai gostar muito – esteja onde estiver - e se sentirá feliz e confortado com presente tão singelo.
A prece pessoal, que repito há alguns tristes anos, é bastante simples: - Meu velho, sob as bençãos de Deus, quero agradecer e dizer que te amo para sempre. Amém.
Médico,
Membro da Academia Erechinense de Letras,
Vice-presidente da A.A. Da Biblioteca Pública do RS.