A conhecida eficiência do produtor rural tem proporcionado ao agronegócio do país a rara vantagem de trafegar ileso pelas enormes dificuldades trazidas pelo coronavírus e que impactam duramente a economia. Ciente desse infortúnio e premido pela necessidade de aproveitar ao máximo as conquistas do campo, o governo da União anunciou no último dia 17 cifras louváveis do Plano Safra 2020/2021, mesmo não tendo um olhar diferenciado e necessário aos agricultores gaúchos penalizados por severa estiagem.
Na pessoa da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, veio a boa notícia de aumento geral dos recursos disponibilizados e ao lado da redução de juros dos financiamentos. O valor total anunciado foi mais de R$ 13 bilhões superior ao do ano ado, subindo de R$ 222 bilhões para R$ 237 bilhões. O montante é liderado pelos R$ 179 bilhões para custeio, mais R$ 57 bilhões para investimentos e outro R$ 1,3 bilhão destinado ao seguro rural.
Em relação aos juros, outra grata surpresa, os percentuais caíram de uma taxa máxima de 8% anuais para 6%, com mínimo de 2,75%. Isso significa que o Brasil conta agora com taxas competitivas em relação a seus rivais no mercado de commodities agrícolas, particularmente os Estados Unidos, que praticam até 5,5% ao ano. Esse recuo foi possível graças à inflação baixa e ao nível da taxa básica (Selic), que está no seu piso recorde de 2,25%.
Mas nem tudo são flores nesse pacote, sobretudo se observarmos no contexto o caso do Rio Grande do Sul, abalado pelos efeitos da longa seca, que acarretou perdas de 40% na safra estadual. Além de custos istrativos e travas para ar a crédito novo, os agricultores gaúchos, que tiveram enormes prejuízos, não estão conseguindo pagar os financiamentos.
Acredito que o governo ainda pode avaliar essa demanda de nosso estado, que tem no campo o carro-chefe de sua geração de riqueza. O ideal é a postergação de parcelas vencidas ou a vencer nos financiamentos - e até mesmo o cancelamento de algumas, a exemplo do que já fazem países que competem com o Brasil na produção rural.
Apesar da conjuntura de aperto fiscal, o governo entendeu que o momento exige apoio maior ao agronegócio. Espero que a mesma clarividência governamental leve a uma decisão favorável ao pleito solicitado pelos produtores gaúchos.

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