A dissociação é um fenômeno psicológico caracterizado pela desconexão temporária entre a pessoa e a realidade ao seu redor. Pode causar perda de memória, sensação de irrealidade, distorções perceptivas e mudanças repentinas de personalidade. Embora, em muitos casos, seja uma reação a situações de estresse intenso ou traumas, também pode ser um indicativo de transtornos psiquiátricos mais graves, como os transtornos dissociativos.
Causas e fatores desencadeantes
A dissociação pode ser provocada por diferentes fatores. Entre os mais comuns estão o estresse frequente, o consumo excessivo de álcool ou drogas ilícitas, e a vivência de eventos traumáticos. Além disso, também pode ocorrer como manifestação de transtornos mentais, como estresse pós-traumático, depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia e os próprios transtornos dissociativos.
Curiosamente, a dissociação nem sempre é considerada patológica. Em algumas culturas, ela pode estar relacionada a práticas espirituais ou religiosas, sem representar um problema de saúde mental.
Principais sintomas
Os sinais de dissociação podem variar bastante, mas alguns sintomas são comuns:
- Amnésia sobre informações pessoais, como nome, idade ou eventos da vida;
- Esquecimento de tarefas cotidianas, como ler ou dirigir;
- Realização de ações das quais não se tem lembrança, como comprar itens que não se recorda ter escolhido;
- Sensação de estar em um sonho ou de que o mundo à volta perdeu a vivacidade;
- Percepção alterada do ambiente, com objetos mudando de forma, cor ou tamanho;
- Sensação de estar fora do próprio corpo, como se se observasse de fora;
- Mudança de personalidade, com uso de vozes ou nomes diferentes;
- Dificuldade em descrever gostos pessoais, crenças ou a própria identidade.
Além disso, pessoas com histórico de trauma podem reviver essas experiências de maneira súbita, por meio de flashbacks, especialmente quando expostas a gatilhos que relembram o evento traumático.
Dissociação de personalidade
Um dos quadros mais extremos da dissociação é o transtorno dissociativo de identidade. Nesses casos, a pessoa alterna entre duas ou mais identidades distintas. Essa alternância pode ser acompanhada por lapsos de memória, mudança de comportamento e adoção de nomes e vozes diferentes. Em geral, quem sofre desse transtorno não se lembra das ações realizadas quando está sob o controle de outra identidade.
Diagnóstico e profissionais indicados
Ao identificar sintomas de dissociação, especialmente quando são frequentes ou intensos, é fundamental procurar um psiquiatra. Esse profissional está apto a avaliar o quadro, descartar outras condições clínicas ou psiquiátricas e encaminhar o paciente para os exames necessários, como eletroencefalograma, dosagem de vitamina B12 ou avaliação hormonal da tireoide.
O acompanhamento com psicólogo também pode ser recomendado para auxiliar no diagnóstico e conduzir a psicoterapia adequada.
Tratamento da dissociação
O tratamento da dissociação depende de sua causa. Em casos relacionados ao estresse, pode ser suficiente adotar mudanças no estilo de vida, como praticar exercícios físicos regularmente, melhorar a qualidade do sono e reduzir o consumo de álcool.
Quando há um transtorno dissociativo diagnosticado, a psicoterapia é o principal recurso terapêutico, especialmente a terapia cognitivo-comportamental e a hipnoterapia, que ajudam a trabalhar memórias traumáticas e a integrar experiências dissociadas.
Nos casos em que a dissociação está associada a outros transtornos psiquiátricos, como depressão ou ansiedade, pode ser necessário o uso de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, sempre sob orientação médica.
Quando procurar ajuda
Embora episódios isolados de dissociação possam ocorrer em situações de extremo estresse, a frequência e intensidade desses eventos devem ser levadas a sério. Caso se perceba dificuldade constante de lembrar fatos importantes, alterações de identidade ou comportamentos inusitados e involuntários, buscar ajuda psiquiátrica é o primeiro o para compreender e tratar adequadamente a condição.