A cirurgia bariátrica é um procedimento destinado à redução do estômago com o objetivo de limitar a ingestão de alimentos ou modificar a forma como o corpo digere e absorve os nutrientes. Dessa forma, reduz-se drasticamente a ingestão calórica, o que facilita a perda de peso. Por ser uma cirurgia geralmente invasiva, só é indicada quando outras formas de tratamento não surtiram efeito ou quando o excesso de peso representa risco à saúde ou à vida da pessoa.
Antes de se submeter à cirurgia, o paciente a por uma avaliação criteriosa com uma equipe multidisciplinar, que pode incluir cirurgião, nutricionista, psicólogo, cardiologista, entre outros especialistas.
Quem pode fazer a cirurgia
A cirurgia bariátrica costuma ser indicada para pessoas entre 16 e 65 anos, conforme critérios de Índice de Massa Corporal (IMC) e a presença de doenças associadas. Os principais casos são:
- IMC igual ou superior a 40 kg/m², com ou sem comorbidades;
- IMC entre 35 e 40 kg/m² (obesidade grau 2), com pelo menos uma doença associada, como hipertensão, diabetes, apneia do sono ou esteatose hepática;
- IMC entre 30 e 35 kg/m², com doenças graves como diabetes tipo 2, apneia grave, doenças renais, osteoartrose ou indicação de transplante.
O Conselho Federal de Medicina também autoriza a cirurgia para adolescentes a partir dos 14 anos com IMC superior a 40 kg/m², desde que existam complicações clínicas graves e seja obtido o consentimento dos responsáveis.
Principais vantagens
Além da perda expressiva de peso, a cirurgia bariátrica proporciona benefícios importantes para a saúde, como a melhora ou até cura de condições associadas à obesidade:
- Hipertensão arterial;
- Insuficiência cardíaca e respiratória;
- Asma;
- Diabetes tipo 2;
- Colesterol alto;
Também há vantagens emocionais e sociais significativas, como melhora da autoestima, maior interação social, redução de sintomas depressivos e aumento da mobilidade física.
Tipos de cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica pode ser realizada por diferentes técnicas, variando em grau de complexidade, riscos e resultados.
1. Banda gástrica
Menos invasiva, a banda gástrica envolve a colocação de um anel ao redor do estômago para restringir seu volume. Os riscos são menores e a recuperação é mais rápida, mas os resultados de perda de peso tendem a ser mais limitados.
2. By gástrico
Considerada uma das mais eficazes, o by gástrico reduz o estômago drasticamente e reconecta o intestino de modo a reduzir a absorção de calorias. É possível perder até 70% do peso inicial, mas os riscos e o tempo de recuperação são maiores.
3. Sleeve gástrico (gastrectomia vertical)
Remove-se uma parte do estômago, mantendo a ligação original com o intestino. Permite perder cerca de 40% do peso inicial, com menor risco comparado ao by, e resultados similares à banda gástrica.
4. Derivação biliopancreática
É a técnica mais radical, com remoção de parte do estômago e da maior porção do intestino delgado, local onde ocorre a maior parte da absorção de nutrientes. Assim, a ingestão calórica é extremamente reduzida. Apesar de eficaz, apresenta riscos elevados e requer acompanhamento rigoroso.
Quem não pode fazer
A cirurgia bariátrica é contraindicada para pessoas com:
- Transtornos psiquiátricos não controlados, uso de drogas ou álcool;
- Doenças cardíacas ou pulmonares graves e descompensadas;
- Hipertensão portal com varizes esofágicas;
- Doenças inflamatórias no trato digestivo superior;
- Síndrome de Cushing causada por câncer.
Também não é recomendada para pessoas com limitações intelectuais severas que não tenham e familiar.
Riscos e complicações
Como qualquer procedimento cirúrgico, a bariátrica envolve riscos, especialmente em pacientes com múltiplas comorbidades. Entre as complicações possíveis estão a embolia pulmonar, sangramento interno, fístulas nos pontos internos, vômitos, diarreia e fezes com sangue.
Esses problemas geralmente são tratados durante a internação, mas podem exigir nova intervenção cirúrgica em casos graves.
Além disso, há o risco de deficiências nutricionais, como anemia, falta de cálcio, vitamina B12 e ácido fólico, podendo evoluir para desnutrição se não houver acompanhamento adequado.