Seu pontificado rompeu protocolos em nome da inclusão, aproximou a Igreja dos marginalizados e reacendeu o espírito da bondade em tempos de tantas distâncias humanas.
Agora, à medida que se inicia o processo de escolha de seu sucessor, a Igreja, como tantas organizações em transformação, enfrenta o desafio de identificar um líder capaz de dialogar com um mundo fragmentado, complexo e sedento de sentido.
Os cardeais, reunidos com base na oração e discernimento, buscarão não apenas um guardião dos valores e princípios, mas alguém que também represente um conjunto de competências e virtudes: visão estratégica, sensibilidade social, capacidade de comunicação e integridade moral… que ressoem com as exigências do nosso tempo.
Assim como em grandes empresas, o perfil do novo Papa precisará combinar tradição e renovação, fé e inteligência emocional, carisma e firmeza, para conduzir com sabedoria a barca pelas águas agitadas do século XXI.
Fiquei imaginando quais fatores internos, políticos, de gestão, pessoais e sacros foram determinantes nas escolhas dos papas ao longo das últimas décadas… forças nem sempre visíveis, mas profundamente influentes nos bastidores do Conclave.
Nasci em 1966, e desde lá convivemos com pontífices que marcaram épocas distintas, cada um refletindo, à sua maneira, os anseios e os dilemas da Igreja e do mundo:
- Paulo VI, com sua elegância intelectual, buscando conciliar equilibrando tradição e abertura;
- João Paulo I, breve como uma brisa, trouxe um sorriso tímido de que algo mudaria, que se eternizou pela leveza, humildade e pureza;
- João Paulo II, vigoroso e global, enfrentou o comunismo, dialogou com a juventude e expandiu a presença do Vaticano nas diferentes praças do mundo;
- Bento XVI, teólogo refinado, conduziu com discrição e profundidade os dilemas da doutrina em tempos turbulentos;
- Francisco, o primeiro jesuíta, o primeiro latino-americano, veio com a força de quem prefere os gestos às cátedras, a periferia ao centro, a misericórdia ao julgamento, assumindo a bronca de tantos escândalos.
Agora, diante da escolha de um novo Papa, resta observar desse processo tão humano quanto divino, em que os cardeais, como gestores de uma instituição milenar, tentarão eleger alguém que una fé e governança, religião e pragmatismo, para liderar com esperança este rebanho inquieto que vive o mundo de hoje.

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