No último dia 13 de março, ocorreram manifestações das “Mulheres do MST” em diversos municípios do Rio Grande do Sul, tendo como pauta principal o “avanço da silvicultura pelo cultivo de eucalipto no Bioma Pampa”, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Da mesma forma, o movimento voltou a invadir uma área da empresa Suzano Papel e Celulose, no estado do Espírito Santo, pois “defendem novos assentamentos rurais em lugar da produção de celulose”. Durante a eata, junto às plantações florestais, as manifestantes carregavam faixas com os dizeres: “Eucalipto não enche o prato”.
Sob o lema “Agronegócio é violência e crime ambiental; a luta das mulheres é contra o capital”, a dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado, Sra. Lara Rodrigues, declarou: “Eucalipto não é alimento, eucalipto não é floresta. O reflorestamento deve ser feito com mata nativa, com produção de alimento, agroflorestas e agroecologia. Esse é o projeto que defendemos”.
Além da manifestação, a dirigente informou que o movimento entregará um documento ao Ministério Público Federal (MPF) e à Defensoria Pública, o qual foi corroborado por diversas entidades, como a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), o Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa, a Fundação Luterana de Diaconia, o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá), o Instituto Preservar e o Núcleo Amigas da Terra – Brasil. O documento denuncia os impactos socioambientais da expansão da monocultura de árvores exóticas na região do Bioma Pampa.
Quem se lembra da destruição dos laboratórios, das pesquisas e do viveiro de mudas da antiga Aracruz, em Guaíba (atualmente CMPC), em 2006, que causou prejuízos incalculáveis, tanto na sua estrutura física quanto nas pesquisas realizadas ao longo de mais de 20 anos? Trata-se do mesmo movimento, que retorna com a mesma abordagem. E fica a pergunta: na época, o MP e a Defensoria Pública instauraram inquérito para investigar a invasão e a destruição? Houve responsabilização? Os danos foram ressarcidos?
Após esse episódio, a Aracruz vendeu sua indústria e ativos florestais para a RIOCEL, que, posteriormente, vendeu a CMPC Trata-se de um grupo chileno que atua no mercado florestal da América Latina. No Brasil, sua unidade fabril, chamada Celulose Riograndense, está localizada em Guaíba. Recentemente, a CMPC anunciou investimentos de R$ 25 bilhões no Rio Grande do Sul, o maior investimento do estado em todos os tempos. O projeto inclui a instalação de uma nova fábrica de celulose em Barra do Ribeiro, a construção de um terminal portuário exclusivo em Rio Grande, além da criação do Parque Ecológico Barba Negra, o que contribuirá para a melhoria da infraestrutura do estado. Atualmente, a empresa possui 496.000 hectares de florestas próprias e em parceria com proprietários rurais – produtores florestais, incluindo pequenos silvicultores. A empresa também possui 210.000 hectares de áreas com florestas nativas de preservação permanente e/ou reserva legal, distribuídos em 73 municípios do Rio Grande do Sul.
A construção da nova fábrica gerará 25.000 postos de trabalho em um município que tem 12.475 habitantes (Fonte: IBGE 2024). Após sua implantação, serão criadas 10.000 novas vagas de empregos diretos e indiretos, movimentando toda a economia regional. Será que haverá progresso no município de Barra do Ribeiro e na região?
Justa ou injusta tais manifestações das Mulheres do MST, temos que saber quais são as posições das entidades do Rio Grande do Sul e do Parlamento Gaúcho?
Não podemos esquecer dos casos da FORD, cujo mega investimento na época acabou indo embora do Rio Grande do Sul para a Bahia, nem das fábricas de Celulose e Papel da Votorantim em Pelotas e Rio Grande, ou da Stora Enso em Rosário do Sul e Manoel Viana, que também transferiram suas operações para o Mato Grosso e o Uruguai. Juntas, essas empresas somavam R$ 11 bilhões em investimentos.
Importante nos questionar, será que a metade sul continuaria como a região mais pobre do Estado? Será que o RS continuaria como um estado em serias dificuldades econômicas? E por que perdemos estes grandes investimentos para outros estados do Brasil? Será que grupos minoritários mandam na sociedade gaúcha?