Nesses dias, enquanto alguns andam assim, de cabeça baixa, com um hiperfoco em suas individualidades e outros, vidrados no celular, sem prestar atenção ao redor, a gentileza fica sempre à espera. Não morre. Como um velhote que já viu de tudo, permanece disponível e  atenta às oportunidades, aguardando o momento certo para que as pessoas precisem interagir umas com as outras, sem a necessidade de um smartphone.

De onde vem a gentileza

Não sabemos bem de onde vem a gentileza, mas a palavra sim. Vem do latim "gentilis”, que significa “ser da mesma família, pátria ou nação". É, sobretudo, um sentimento de acolhida, atenção ou pertencimento. Historicamente, designava membros de um mesmo clã ou família, destacando a ideia de parentesco. Com o tempo, a gentileza evoluiu e ou a ter significados que remetem à elegância, cortesia e cavalheirismo. Mas há também o contexto religioso. Os “gentis”, no tempo antigo, era o grupo de pessoas que não pertenciam a religião judaica mas que foram acolhidos quando da vinda do Cristo. Se fosse possível resumir, diria que a gentileza é um ato de imitação de Cristo.

Dar ou receber

Agora imagine a seguinte situação. Em uma via onde só a um de cada vez, duas pessoas se aproximam. Uma tem de ceder o espaço para que a outra e. Por certo, aquele que esperar terá agido com gentileza. E no seu caso? Preferes ser gentil e ceder a agem ou preferes receber a gentileza? Não se chateia ao abdicar da oportunidade de ser gentil? E quando nenhuma das partes é gentil? Sabemos, algum conflito pode surgir, em obediência às Leis de Newton. Tanto pelo fato de dois corpos não poderem ocupar o mesmo espaço, quanto pela lei da ação e reação. No campo geral da vida, de forma mais ampliada, é um diminuto exemplo daquilo que Allan Kardec chamava de “lei de causa e efeito”.

Consciência

Andamos apressados, ainda que não saibamos bem onde queremos chegar. Nesse andar, não importa o lado, é comum esbarrarmos com pessoas que não conhecemos. Um sorriso, uma “gentileza”, tudo isso parece ser esquecido quando amos a viver de maneira automatizada. Então, quando surge a oportunidade de exercer nossa parcela de gentileza, simplesmente não o fazemos. Ignoramos. Por andarmos distraídos, abrimos mão da gentileza e adentramos no campo do embate, da disputa, como se aquela mísera fração de segundos fosse produzir uma enorme diferença em nossas vidas. Situações como esta, tão corriqueiras, acabam por descarregar uma certa dose de estresse, por menor que seja e é no trânsito onde percebemos tais atitudes acontecerem com maior frequência.

Teste da gentileza

Que tal fazer o teste da gentileza? Dá muito certo. Em cada situação em que se possa ser gentil, prefira dar do que receber. Seja gentil! Não importa a quem, nem mesmo se o beneficiário fizer cara feira. A cara é dele, não sua. O ser humano é um repetidor de comportamentos. Tenho a certeza de que até o ser mais rabujento e egoísta a a sentir vergonha se em cada situação de dilema receber a gentileza. É assim que melhoramos um pouco o nosso ambiente, a nossa vida e a nossa comunidade. Seja gentil! Gentileza gera gentileza, já dizia José Datrino (1917-1996), o “Profeta Gentileza”, também conhecido como o amansador de burros.