Acreditar em Deus 491k61
Dificilmente alguém diz não acreditar em Deus convictamente. O que pode acontecer é muita gente dizer que reconhece a existência de Deus, mas viver como se Ele não existisse. Assim como a grande maioria é batizada e até se faz batizar depois em outro ou mais grupos religiosos, mas não vive como batizado.
Em relação a Deus, ouve-se frequentemente: nada se pode sem Ele. Ou então, se Deus quiser, vou conseguir isto ou aquilo. Ainda: eu não sou praticante, não vou à missa, mas rezo todos os dias para Deus, o que manifesta o individualismo até na dimensão religiosa. Quer estar de bem com Deus, mas não quer nada com a comunidade dos filhos de Deus.
A questão é descobrir qual a verdadeira identidade de Deus. Como Ele realmente é e não apenas como a gente o imagina. E aí entra o princípio da Revelação de Deus. O Catecismo da Igreja Católica, à luz da reflexão teológica fundamentada na revelação bíblica, afirma, na sua primeira frase: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.”
Então, mais do que nós buscarmos a Deus, é Ele que vem a nosso encontro. De fato, Ele se manifesta em toda a obra da criação e na história. Especialmente na história do povo da primeira aliança. Esta manifestação tem sua expressão plena e completa em Cristo, o Filho Unigênito do Pai, feito um de nós, por obra do Espírito Santo.
Cristo é que nos dá a conhecer o mistério de Deus, uno e trino, como celebramos neste domingo, festa da Santíssima Trindade. Ele não faz explicações teológicas, científicas de como pode ser que Deus seja três pessoas e um só. Ele nos fala ao natural de que veio em nome do Pai; que veio realizar a vontade do Pai, a qual é o seu alimento, como diz à samaritana, junto ao poço de Jacó onde ela foi buscar água, garantindo-lhe que Ele tem outra água para ela. Assegura que é vontade do Pai que ninguém se perca. Garante aos discípulos que retornaria para enviar-lhes o Espírito Santo, o defensor, o advogado, aquele que iria recordar tudo o que ele ensinou e dar-lhes a conhecer toda a verdade.
Claro que a teologia, a partir desta revelação, foi sistematizando a compreensão desta e de outras verdades da fé. Mais do que uma possível compreensão intelectual, o que importa é a experiência vivencial do mistério de Deus. Fomos criados à sua imagem e semelhança. Sendo uma comunhão perfeita no amor, Trindade, fomos feitos para viver em comunhão entre nós. Então, à luz do mistério da Trindade, devemos empenhar-nos por um mundo fraterno, igualitário e justo. Se viemos de Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, e a Ele voltaremos, devemos servi-lo acima de tudo, como nos lembrava a Campanha da Fraternidade. Ela recordou o que o próprio Cristo ensinou: não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo.
Antonio Valentini Neto
Padre assessor de comunicação da Diocese de Erechim