Na noite desta quinta-feira (29), a Câmara Municipal de Erechim promoveu uma Sessão Solene carregada de emoção, história e reverência à trajetória de um dos maiores nomes da cultura visual do município: Olírio Zardo. Aos 93 anos, o fotógrafo foi agraciado com o Título de Cidadão Erechinense — uma das mais importantes honrarias concedidas pelo Legislativo — em reconhecimento à sua inestimável contribuição à memória coletiva e identidade cultural da cidade.
A homenagem, proposta pela vereadora Éclesan Ana Palhão (MDB), celebrou a vida e o legado do fotógrafo natural de Veranópolis, que chegou a Erechim em 1949, aos 16 anos, e aqui fincou raízes. Fundador do icônico Foto Studio Zardo, em 1955, Olírio tornou-se referência incontornável na arte de eternizar momentos — sejam eles cotidianos ou históricos — pelas lentes de sua câmera.
Durante o evento, a vereadora Éclesan destacou em tom emocionado e reverente a importância de valorizar os mais experientes, os que, segundo suas palavras, “entregaram uma vida por uma causa, por uma família, por uma cidade”. Em sua fala, sublinhou que o reconhecimento a Olírio Zardo vai além da homenagem a um profissional: é o tributo a uma existência dedicada ao bem coletivo, à sensibilidade e à construção de uma identidade comum.
“Hoje me curvo diante da grandeza de um homem que, ao conhecer sua história, é impossível não reconhecer a profundidade da sua entrega ao mundo. Sua arte, que eternizou o invisível aos olhos de muitos, é um elo entre o ado, o presente e o futuro de Erechim”, afirmou Éclesan, ao citar a influência de Zardo na formação de fotógrafos da região, no incentivo à cultura e no fortalecimento de uma rede de solidariedade por meio do conhecimento partilhado.
Ao longo de seus 77 anos de atividade, Zardo registrou eventos que marcaram a memória local, como as tradicionais Frinapes, os desfiles cívicos, as festas religiosas, casamentos, batizados, formaturas e, especialmente, momentos históricos como a nevasca de 1965 e a visita de Pelé à inauguração do Estádio Colosso da Lagoa, do qual também foi ativo colaborador.
Ainda lúcido e emocionado, Olírio Zardo agradeceu a homenagem e relembrou agens marcantes da sua trajetória. “A foto da neve em 65, só no preto e branco… Depois, em 72, 75, com neve mais fraca… Em 90, já consegui colorida. Registrei o estádio do Ypiranga desde os tempos do campo da montanha. E fotografei o Pelé, claro. Tantas histórias, tantas pessoas. A fotografia fica”, declarou, reforçando sua crença no poder da imagem como instrumento de memória e identidade.
A vereadora destacou ainda o papel de Zardo como verdadeiro educador, tendo formado dezenas de fotógrafos na região e incentivado o público a enxergar o mundo com mais sensibilidade. Para ela, esse espírito comunitário e altruísta é um exemplo raro e valioso. “Em tempos de escassez e ganância, o senhor foi generoso. Dividiu saber, formou profissionais, fortaleceu laços. E isso não tem preço.”
A entrega do título simboliza, também, uma reflexão coletiva proposta pela parlamentar: que legado deixamos à cidade e às próximas gerações? “Quantos de nós, em nossas áreas de atuação, deixaremos algo palpável, transformador, que perpetue nossa contribuição para a melhoria da vida comunitária?”, questionou.
Ao encerrar sua fala, Éclesan relembrou uma frase do próprio Olírio: “Na vida, tudo a. Mas a fotografia fica para a eternidade.” — frase que, para ela, sintetiza a essência do homenageado e justifica plenamente o reconhecimento prestado pela Casa Legislativa.
Com a titulação, Olírio Zardo a a ser oficialmente parte da história institucional de Erechim — algo que, na prática, já havia conquistado há muito tempo com seu olhar sensível, sua dedicação incansável e sua profunda humanidade.
Zardo é, agora, oficialmente, o mais novo Cidadão Erechinense. Mas, para os milhares que tiveram a vida registrada por suas lentes, ele sempre foi um dos grandes construtores da memória e da alma da cidade.