O Natal de 1987 ficou marcado na memória do Bispo Diocesano de Erechim, Dom Adimir Antonio Mazali, pois foi a primeira celebração natalina que ele comemorou longe da família. Na época, como seminarista, Adimir embarcou no dia 15 de dezembro daquele ano para participar de uma missão de férias na comunidade de Nova Mutum, pertencente à diocese de Diamantina, no Mato Grosso.
Junto com mais quatro missionários, eles percorreram diferentes localidades a pé, pois não havia transporte. “Aquele foi o primeiro Natal que eu ei longe de casa. Eu fiquei dois meses sem comunicação com minha família, porque naquele tempo não tinha celular. O telefone, onde estávamos, não existia. E as cartas nem chegariam a tempo”, relata Adimir.
Saudade de casa
Em um lugar distante e no meio de pessoas desconhecidas, Mazali sentia no peito a dor da saudade de estar longe da família. Ele lembra, que na época da missão, o grupo não tinha um lugar certo para dormir e nem para se alimentar. “Aonde a gente chegava, éramos acolhidos e ficávamos para a refeição e às vezes para pernoite”, conta.
No dia 25 dezembro, os missionários realizaram uma celebração e depois foram acolhidos por uma família para o almoço. A emoção de lembrar dos familiares e de não poder estar junto abraçava Adimir naquele momento, que ao longo dos anos, como padre, aria outros natais sem voltar ao lar. “Foi um momento de desprendimento de uma tradição, de uma situação que posteriormente veio a se repetir e que hoje encaro com muita naturalidade. Foi um momento de alegria com as famílias que estavam lá, mas sentia saudade e o desejo era estar com a minha”, declarou o bispo.
Lição de vida
Mazali traz a lembrança como um aprendizado que o fez encarar suas vivências com outra visão. “Foi um divisor de águas na minha vida, no sentido de não mais viver um apego exagerado às pessoas e aos momentos, e sim lançar-me sempre à missão, onde Deus me chamar, ali estarei. E foi assim um fortalecimento para a minha caminhada vocacional”.
A espera do Natal
De uma família simples, moradores do interior de Corbélia, no Paraná, o Natal sempre foi o momento mais aguardado do ano, quando criança, por Adimir. “Era a esperança de ganhar um presente, de ter um refrigerante em casa, um momento de festa, porque ao longo do ano não se tinha condições de adquirir essas coisas. A gente não via a hora que chegasse o Natal, porque sabíamos que iríamos ganhar algo. Eram presentes pequenos, mas também tínhamos a oportunidade de ter um momento de festa”.
Sua família mantinha a tradição natalina e o presépio era arranjado com um pinheirinho colhido na roça e enfeitado com algodão para representar a neve. “Com o ar do tempo, fomos adquirindo outras possibilidades e a tradição continuou reunindo a família no Natal”, disse o bispo.
Reflexão
Para Mazali, “a igreja é a grande motivadora das celebrações e de tudo aquilo que é religioso. O Natal é tempo de aproximar ainda mais as pessoas de Deus. Ao mesmo tempo em que levamos o povo a rezar, a refletir, a buscar mais a Deus, lembramos às pessoas que na verdade é Deus vem ao nosso encontro”. Ele ainda reforça que “Deus nunca se esquece de nós, mesmo quando nós esquecemos Dele e Deus sempre nos ama, mesmo quando não correspondemos ao seu amor”.
Considerada uma das grandes festas do cristianismo, a celebração do aniversário de Jesus Cristo, para Dom Adimir Antonio, é uma manifestação de salvação da humanidade. O Bispo Diocesano de Erexim deixa uma mensagem de confiança a todos. “Que esse natal venha para reanimar a esperança que nós temos no coração e que as dificuldades sejam superadas, as amizades reatadas e acima de tudo possamos ter saúde, paz e muitas alegrias em nossas famílias e em nossas comunidades. Faço votos de um feliz e abençoado Natal a todos”.