Receber uma segunda chance e recomeçar, foi isso o que aconteceu com os três jovens de Ponte Preta, Samara Cararo (17), Laura Vitória Bolis (18) e Pedro Henrique Cortina (19). Para relembrar a história, eles sobreviveram a um acidente em outubro do ano ado, na BR 480 - rodovia que liga Erechim a Barão de Cotegipe e que provocou três mortes.

Depois de um ano do ocorrido, o olhar para a vida é diferente e ao mesmo tempo de gratidão. Nossa equipe conversou com os jovens para ouvir seus relatos e saber as expectativas para o futuro e o que mudou em suas vidas após praticamente, nascerem de novo.

Samara Cararo

Samara, ficou internada uma semana na UTI e 28 dias no hospital. Ela conta que fraturou os dois fêmures, o joelho e ainda o pé. “Lembro que tive muito medo e não sabia direito o que estava acontecendo. Ainda não tinha a dimensão do acidente e minha família não comentou inicialmente para me proteger. Não lembro dos detalhes da batida, mas o que vinha em minha mente eram os ‘cortes’, do fato, principalmente dentro do hospital quando vi o Pedro e a Laura entrando comigo”, relata a jovem.

Ela explica, que após a recuperação que teve um processo lento, a rotina foi desafiadora, mas com o apoio da família e amigos, conseguiu retomar as atividades aos poucos. “Quando cheguei em casa a alegria foi tremenda e lembro que me receberam com muita felicidade, principalmente meu irmão, relembra Samara emocionada.

Depois do ocorrido, ela precisou fazer fisioterapia, reforço muscular e ou por um atendimento psicológico. “Acredito que o acidente me fez refletir mais sobre a vida, como por exemplo, dar valor as simples coisas da vida, como buscar um copo d´água que tinha muita dificuldade, isso mudou minha vida”, afirma.

A jovem frisa, que esta época do ano significa um grande renascimento, aliado ao amor, respeito, união e gratidão às pessoas que a ajudaram. “No início não foi fácil usei muletas, andador, mas nunca pensei em desistir. Todos me acolheram muito bem e quando cheguei na escola os colegas e professores me abraçaram e me ajudaram um monte”, diz.

Laura Vitória Bolis

Laura que também estava na Van, relembra como foi este dia antes do ocorrido. Com a batida ela fraturou a pélvis, fêmures, joelho e o pé ficando nove dias na UTI e 32 no hospital. “Acordei às 5h30 como de costume e depois disso só lembro quando acordei da intubação e vi minha família ao lado, lembro também que tinha bastante pesadelos”, conta.

Durante sua recuperação, foram realizadas diferentes campanhas para a doação de sangue na cidade e na região, pois seu estado de saúde era grave. “Minha família me contou que tive ajuda de muitas pessoas que compartilharam a situação nas redes sociais e aquelas que doaram sangue. Sou grata por todos que me ajudaram neste e com certeza todos têm um lugar especial no meu coração”, diz.

Quando voltou para casa, foi surpreendida pelo carinho da família e recepção dos amigos que a receberam com muita alegria. “Foi maravilhoso, porque quando estava indo pra casa sabia que ia ser um momento difícil e de longa adaptação, ao ver essa surpresa da minha família reunida com faixa, balões, flores, com certeza me deu forças para continuar me recuperando”, relembra.

Sobre a volta para a rotina, Laura afirma que foi difícil pois tinha dificuldades de mobilidade. “No começo foi complicado, porque não conseguia ficar muito tempo sentada e precisava de ajuda para tudo, mas todos me ajudaram em tudo, tanto na escola quanto em casa, nos temas, sempre tive o apoio de todos”, afirma.

Laura comenta que após essa situação, ou a ter um novo olhar sobre a vida e que tirou grandes aprendizados. “Mesmo com toda dificuldade, sou muito grata por tudo que vivi, querendo ou não tive uma experiência muito grande e hoje olho para a vida de uma outra forma, principalmente em relação a minha autoconfiança, pois percebo o quanto sou importante e faço a diferença na vida das pessoas”.

Pedro Henrique Cortina

Pedro também lutou pela vida, ele ficou 15 dias na UTI e cerca de um mês no hospital, tendo fraturas pelo corpo e uma batida muito forte na cabeça. “Não sabemos o porquê isso aconteceu e não entendemos o propósito de Deus. Minha família sempre esteve ao meu redor e me auxiliou em tudo, além dos vizinhos que faziam os serviços aqui de casa”, conta.

Em sua recuperação, Pedro teve ajuda de diferentes pessoas e amigos, além de ar por tratamentos. Ele também fala sobre a importância de viver o hoje. “Gostava muito de poupar dinheiro, mas depois disso, vi que não vale a pena ficar guardando porque em menos de um segundo podemos perder tudo, inclusive a vida. Precisamos aproveitar o máximo, dia após dia, porque não sabemos o dia de amanhã”.

Ao se lembrar da solidariedade da família e da cidade, ele se emociona, e relembra daqueles que partiram. “Sem essas pessoas não seríamos nada, nunca imaginei que precisaria de tanta ajuda assim, até para o serviço de casa e que eu fosse tão importante para tanta gente. Nos contaram que aqui em Ponte Preta, quando sofremos o acidente, a cidade parou e as notícias eram sempre sobre isso e a população sentindo nossa falta”.

Significado da vida neste Natal

Depois do acidente, as simplicidades da vida aram a ter ainda mais valor, e o Natal, ganhou um novo significado para os jovens: Renascimento! “Primeiramente agradeço a Deus por essa nova chance de vida, porque nasci duas vezes, aos nossos queridos amigos, a Julia e o Marcos que partiram, sentimos muito e notei que temos que aproveitar melhor a vida e agradecer todos que estão ao nosso lado”, diz Pedro.

“Nesta época do ano, pensamos: o Natal é o nascimento de Jesus e posso dizer que também renascemos, pois ganhamos uma nova chance de viver e temos que agradecer sempre pela vida, pois em minutos tudo pode mudar, temos que aproveitar o máximo cada segundo e nunca esquecer de agradecer”, afirma Laura.

Sobre a vida Samara reflete: “Acredito que temos segundas chances e essa foi uma delas, a vida; acredito que tudo tem um propósito e se estamos aqui é porque algum motivo temos”.