Em meio aos mais de 203 milhões de brasileiros (IBGE agosto 2022), o sexo feminino tem 51,1% de representatividade (IBGE 2021). E “elas dizem a que vieram”. Pesquisas apontam que todos os anos o empreendedorismo feminino cresce no País e as mulheres são as grandes responsáveis pela mudança de perfil do mercado. O Brasil ocupa o sétimo lugar entre 49 nações quando se analisa mulheres à frente de negócios próprios (Sebrae 2019).
Nas incertezas da pandemia, ela ousou
E a cidade de Erechim reflete o perfil apontado nestes dados. São histórias como de Maria Thereza Oro Saraiva, jornalista que hoje se realiza no papel de empresária. Transição que se deu em um momento único da história: a pandemia Covid-19. Sim, em meio às incertezas e temores gerados neste período, quando ninguém arriscava, ela ousou. Aos 22 anos, recém-formada e se preparando para iniciar seu Mestrado em Portugal, Maria Thereza foi impedida da viagem devido às limitações da pandemia. Foi ali que encontrou o caminho perfumado e de beleza que aria a ser seu, a franquia gaúcha Empório Essenza.
Acertada mudança de rumo profissional
“Assumi num período bastante delicado, em vários fatores: da questão de saúde, em pleno lockdown para redução de contágio, ao econômico. Sem contar as dificuldades de istrar um empreendimento sozinha e sem experiência. Definitivamente, não era nem de longe o cenário ideal para empreender”, rememora a empresária. Coragem e persistência foram determinantes para que hoje chegasse aos seus três anos de existência em Erechim. A opção por uma franquia traz o viés de um negócio já testado e com características que atualmente são grande tendência de mercado. “Acredito neste formato de negócio. Só algo bem embasado consegue espalhar dezenas de lojas por todo o País. Os produtos são inspirados na Serra Gaúcha, levam a identidade singular de nosso estado pelo Brasil inteiro. Me alegro muito por trazer aqui pra Erechim a magia cativante e bem-estar de nossos produtos de cuidados pessoais e de ambientes, da mesma forma que quando os conheci”, destaca Maria Thereza deixando transparecer sua acertada mudança de rumo profissional.
“Como dona do próprio negócio me sinto totalmente realizada”
Engrossando as estatísticas e apontando também para a tendência de franquias que se expandem para além de capitais, Cláudia Dalpasqualli Cervo trouxe a Erechim uma já tradicional no segmento de chocolates. Uma loja da Kopenhaguen está sob seu comando na Capital da Amizade. “Procurei trazer uma grande franquia para que aqui também tivéssemos a opção de algo que muitas vezes se limitava a grandes centros, sem contar que já apreciava e consumia os produtos. E o desafio de montar, estruturar e conduzir uma das centenas de lojas da marca, na verdade me deu estímulo. Como dona do próprio negócio me sinto totalmente realizada”, declara a empresária transparecendo a satisfação em fazer parte de uma tendência de perfil que destaca a mulher no comando de empreendimentos.
10 milhões de mulheres donas de seu próprio negócio
Conforme Sebrae, em 2022 o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios chegou a 34% no País. Baseados em dados do IBGE, afirma que são mais de 10 milhões de mulheres donas de seu próprio negócio.
“Quando todos se retraiam, resolvi replicar”
Também fazendo parte dos estudos que apontam as empreendedoras cada vez mais presentes na economia brasileira, a já experiente dentista Marisa Parisenti. Mulher que desde 1992 mantinha seu consultório e clientela com rotina de um pequeno negócio, mas que também contrariou os prognósticos da Pandemia Covid-19. Foi nesta fase que decidiu investir em uma clínica completa com várias opções de tratamentos dentários e estéticos e formar uma equipe de profissionais sob seu comando. “Quando todos se retraiam com medo, eu decidi que queria replicar o que já fazia em pequena escala, de uma forma que atingisse mais pessoas. Meu consultório tinha 60 metros quadrados, hoje a nova clinica tem 280 de área construída”, exemplifica a odontóloga lembrando que o medo e a incerteza de um negócio próprio que traz consigo também a responsabilidade de manter outras pessoas, fazê-lo prosperar, não podem paralisar pessoas que têm vontade de gerir um empreendimento. “Hoje quando vejo a Parisenti Odontologia com uma estrutura capaz de receber e realizar os sonhos das pessoas, vejo que fiz a coisa certa. A pandemia foi um momento, vencemos. Me sinto feliz quando lembro que com meu trabalho e investimento, eu, uma mulher, estou colaborando para o crescimento da economia com a parceria de uma equipe de 12 pessoas, onde seis são dentistas como eu que iniciei sozinha, mas que agora montou um negócio, maior, mas sempre mantendo a paixão por ver pacientes felizes”, finaliza a odontóloga.
Mulheres que influenciam um comportamento social
São segmentos diferentes da economia com igualmente diferentes perfis de atuação, porém semelhantes em suas inspiradoras características. Mulheres que conhecem de perto, desafio, coragem, mudança e inovação. Empreender para elas, não raras vezes, exige acumular tarefas com filhos, com casa e desempenhar bem todos os papéis, ainda acrescentando o cuidado de perto do seu próprio negócio. São essas mulheres que incentivam outras e se tornam agentes de mudança. Mulheres que influenciam um comportamento social e am a ser exemplos de que empreender sim também é “coisa de mulher”.