Em meados do século ado, na década de 1950, quando nosso município era Capital Nacional do Trigo, na época da colheita do cereal havia uma grande festividade com a presença de autoridades federais, políticos e até empresários de outras cidades. Numa dessas ocasiões o Sr. Assis Chateaubriand, famoso dono de importantes jornais do País, ao participar dos festejos, declarou numa entrevista que Erexim deveria plantar capim em vez de trigo; e importar mulheres de Paris. Foi chocante esta irreverência, o que nos deixou profundamente incomodados. É, sempre houve quem simpatizasse pelo reles capim. E a história, em algum momento, parece se repetir.
Hoje, Erexim é denominada Capital da Amizade. Isto porque todos que aqui têm chegado para fazer suas vidas, sempre foram recebidos com carinho e respeito. Mas, infelizmente, nem todas as pessoas que aqui tem se estabelecido, retribuem nosso gesto fraterno e respeitoso.
Um fato triste aconteceu em minha rua. Em frente à minha casa e a um prédio há pouco construído, há um canteiro central que divide as duas mãos do trânsito. Este canteiro, como os demais da rua sempre foi cuidado pelos moradores, alguns residentes há mais de 50 anos. Flores e árvores frutíferas assim como lindos ipês foram plantados enfeitando e alegrando nossos olhos.
Acontece que um casal morador do dito prédio, recém-chegados, acharam por bem dar um “toque pessoal” a este canteiro plantando capim, ops, grama em lugar das flores. Para tanto, usaram o direito que uma lei municipal concede como adoção de áreas verdes da cidade. Isto feito, contrataram uma floricultura para a reforma. E numa manhã tranquila chegam retroescavadeira, homens com enxadas, caminhão caçamba... E lá se foram as flores, lindos agapantos que na última primavera se encheram de lindas flores lilases. Tudo arrancado e jogado na caçamba e levado, talvez, para algum aterro.
E eis o canteiro recebendo uma cobertura de capim, ops, de grama.
São pessoas com cultura (?) que ao se formar fizeram o juramento de Hipócrates, que é o de preservar a vida em primeiro lugar. É bom lembra que VIDA se refere a seres vivos, óbvio, como animais racionais – nós humanos – animais irracionais que vivem nas matas e florestas nativas e o reino vegetal. Tirar a vida de qualquer dessas espécies deve ser e é, considerado crime.
Sentimentos como respeito e consideração são próprios do ser humano e que deveriam ser cultivados por todos.
No caso do canteiro estas pessoas não tiveram para com seus vizinhos, pois faltou-lhes educação e grandeza de consultar ou ao menos de participar-lhes seu projeto.
Que os lindos agapantos jogados no lixo sejam lembrados (por fotos) que existiram um dia. E quem sabe estejam florescendo enfeitando a nova morada de quem os plantou, nosso estimado vizinho Dr. Guilherme Barp.
Que este fato sirva de alerta aos caros leitores e leitoras que amam o verde e as flores coloridas, para que prestem atenção quando aparecer em sua rua algum novo morador.
Em tempo: Em relação à lei que permite a adoção de áreas verdes, perguntamos: Há fiscalização sobre estas áreas para permitir a “adoção”? Quais critérios para tal?
A resposta fica para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.