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Opinião 572567

Digressões sobre o lembrar e o esquecer (Parte II) 2b4t4r

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Henrique Trizzotto
Por Henrique Trizzotto
Foto Arquivo pessoal

Nesta coluna continuaremos a abordar a relação entre o lembrar e o esquecer. Nossa memória se constitui de elementos vividos ao longo de nossa jornada, cada uma destas experiências gera um fragmento que forma a colcha de retalhos que chamamos de memória individual. A soma de todos estes fragmentos em um olhar macro, forma a memória coletiva de um grupo social. Nas palavras de Halbwachs, uma ou mais pessoas juntando suas lembranças conseguem descrever com muita exatidão fatos ou objetos que vimos ao mesmo tempo em que elas, e conseguem até reconstituir toda a sequência de nossos atos e nossas palavras em circunstâncias definidas, sem que nos lembremos de nada de tudo isso (HALBWACHS, 2013, p. 31).

A constituição da memória coletiva de um grupo social não é simples, e principalmente não é uníssona. A perspectiva individual acerca dos acontecimentos é fruto das experiências vividas por determinado autor social. Na cidade de Erechim, nosso lugar de fala, temos acontecimentos sensíveis que marcaram a sociedade mas atingiram de maneiras diferentes os cidadãos. A demolição da Igreja Matriz São José que começou em 1969, pouco mais de 25 anos após a conclusão de sua construção, é um exemplo crasso desta perspectiva. “Não basta reconstituir pedaço por pedaço a imagem de um acontecimento ado para obter uma lembrança. É preciso que esta reconstituição funcione a partir de dados ou de noções comuns que estejam em nosso espírito e também no dos outros, porque elas estão sempre ando destes para aqueles e vice-versa, o que será possível se somente tiverem feito e continuarem fazendo parte de uma mesma sociedade, de um mesmo grupo” (HALBWACHS, 2013, p. 39)

Portanto, a análise deste fato poderia ser feita a partir da visão do Pe Tarciso Utzig (aparentemente um dos responsáveis pela idealização da nova Igreja), do Pe. Atalibo Lise que “vendeu” essa hipótese junto com a ideia de que tentaria colocar um viés democrático para decidir qual seria o procedimento adotado, conforme registros no livro Tomo II e III da Paróquia e nas páginas do jornal no ano de 1969. Se, por outro lado, partirmos para uma história a contrapelo, veremos o lado da comunidade católica, dividida em três grupos: o primeiro que estava de acordo, o segundo que não se importava, e o terceiro, aquele que sentiu na pele os impactos da demolição da Igreja (casamentos, batizados e demais celebrações foram realizados em outros locais).

Portanto, “lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos. Isso acontece porque jamais estamos sós” (HALBWACHS, 2013, p. 30).          Da mesma forma, que se utilizarmos por exemplo, fotos disponíveis de ambas construções no Arquivo Histórico Municipal perceberemos inflexões distintas, acadêmicos de História e de Arquitetura tendem a acentuá-las. Crianças e adolescentes receberão com estranhamento, pois sempre tiveram contato com a Catedral, e o que teremos serão juízos de valor, normalmente sobre o aspecto estético.

Este é um dos diversos exemplos acerca da constituição da memória coletiva de um grupo social. Ela está alicerçada no binômio lembrar x esquecer: acervos, bibliotecas, pinacotecas e álbuns fotográficos são exercícios diários deste binômio.

Referências

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. 2ª ed. São Paulo: Centauro, 2013.

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