21°C
Erechim,RS
Previsão completa
0°C
Erechim,RS
Previsão completa

Leia a edição impressa 3t273c

Publicidade 6s594i

Opinião 572567

Exaltação do livre pensamento 62582t

teste
Alcides Mandelli Stumpf,
Por Alcides Mandelli Stumpf
Foto Rodrigo Finardi

Povo que não tem virtude acaba por ser escravo - trecho do Hino Riograndense

 

A mais antiga instituição cultural do Rio Grande do Sul, a Biblioteca Pública do Estado, fundada em 1871, completou 150 anos na quarta-feira, dia 14 de abril. Na condição de vice-presidente da Associação de Amigos da Biblioteca, aceitando convite do presidente da entidade, o querido amigo e colega médico Gilberto Schwartsmann, participei do belíssimo evento festivo alusivo à data.

Por obra do destino, me coube coordenar parte dos debates realizados por meio digital, que reuniram desde o governador do Estado, Eduardo Leite, a imortais da Academia Brasileira e Rio-Grandense de Letras. Sem dúvida, para mim, uma honra inesperada e um momento de enlevo e alegria.

Estávamos todos no Salão Mourisco, em espírito - como bem enalteceu o professor Alcy Cheuiche, - para reforçar a importância da sesquicentenária instituição, que carrega em sua trajetória significados, marcas, rugas e até cicatrizes, deixadas pelo ar dos anos, porém, ora em franca recuperação, sob a condução dedicada e competente da diretora Morgana Marcon.

De modo digital e não corpóreo, mais do que a celebração da existência física da Biblioteca Pública do Estado, celebrávamos o que ela de fato representa: a exaltação da liberdade do pensamento humano.

Muito bem falou a Secretária de Cultura do RS, Beatriz Araújo, ao afirmar que a biblioteca é um “remédio para a alma”, repositório de conhecimento de geração para geração, oferecendo aos cidadãos sabedoria e a cura da ignorância, capaz de curar, também, outras enfermidades da alma, do corpo e do coração. Quem lê, sabe muito bem do que estamos falando.

Acima de tudo, quem lê – seja manuseando deliciosamente o livro de papel, captando a textura e o cheiro de cada página, ou dedilhando as obras virtuais dos e-books da contemporaneidade - se permite ser livre e ter novas ideias, talvez, a arma mais poderosa e valiosa de todas para nossa proteção.

As sociedades ou civilizações não sucumbem ou se extinguem por guerras ou catástrofes; elas declinam ou desaparecem quando há o predomínio das trevas da ignorância, que por serem trevas não escolhem cor ou lado.

O pensamento livre, por sua vez, aparece na Grécia Antiga, eia em Roma, descansa na Idade Média, volta a luzir durante o Renascimento, e triunfa no século XVIII com o Iluminismo e a revolução sa.

O livre pensar é missão de todos aqueles que se recusam a aceitar verdades impostas e se levantam para dizer não ao obscurantismo tosco ou a opressão astuta e falaciosa.

Justamente por isso, é preciso que sempre voltemos nossos olhares e atenções a espaços que se dedicam à cultura e ao exercício do saber. A Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, um lindíssimo prédio de arquitetura eclética, com ares ses, típica do Positivismo riograndense, encontra-se na esquina da rua Riachuelo com rua General Câmara, no coração cívico e cultural do Estado, próxima ao Palácio da Justiça, Theatro São Pedro, Palácio Farroupilha, Palácio Piratini, Catedral Metropolitana e Praça da Matriz de Porto Alegre.

ear pelos seus corredores, que acolhem mais de duzentos e cinquenta mil livros, entre os quais um exemplar de a Divina Comédia, de Dante Alighieri do século XVII e tantas outras obras primas da humanidade, além dos magníficos salões mourisco e egípcio, é comprovar que Jorge Luis Borges, grande escritor argentino, estava certo ao afirmar que as bibliotecas seriam uma espécie de paraíso terrestre.

Paraíso que, no entanto, para sua conservação e sustentabilidade deve cativar o leitor moderno, se reinventando e sensibilizando as pessoas comuns como nós, os empresários e governantes, de forma a todos entenderem que são necessários recursos e investimentos contínuos para perpetuar a cultura e a educação da nossa gente. Uma biblioteca é um organismo em crescimento – afirmava Ramamrita Ranganathan, célebre matemático e bibliotecário indiano.

Em tempos de incertezas, especialmente em meio à pandemia que segue castigando a humanidade, as catedrais do saber - nossas bibliotecas, em novos ou velhos formatos de atendimento - são, sem dúvida, portos seguros, referências, bússolas ou faróis capazes de iluminar ado, garantir o presente e apontar o futuro, pois nas bibliotecas circula o espírito do mundo. Do mundo que temos todos a obrigação de fazer cada dia mais livre.

Se tiveres uma biblioteca com jardim, terás tudo – disse Cícero, o grande tribuno romano. E nós gaúchos a temos.

Vida Longa à Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.

 

PS: endereço para o à integralidade do evento 150 Anos da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul:

https://www.youtube.com/watch?v=kZGdnDR-FC4

 

Médico e Membro da Academia Erechinense de Letras

Leia também 3l63

  • Barafunda de situações 125

    Mas a vida é isso aí, uma barafunda de situações, mixórdia de sentimentos, numa multiplicidade de realidades, que não dá trégua pra ninguém, ainda mais a brasileira. A luta é diária, interna e externa, no íntimo ou nas ruas, é constante e vai continuar sendo pra todos. Poucos conseguem navegar em águas calmas, com segurança e tudo à mão. Eu com certeza não estou entre eles.

  • Vida bonita 586z5x

  • O pôr do sol, a fé e a luta: uma reflexão sobre os valores que nos movem 5im1f

Publicidade 6s594i

Publicidade 6s594i

Blog dos Colunistas e664z

  • Pente Fino

    Rodrigo Finardi 5eh4r

    Próximo prefeito de Erechim terá mais de R$ 3,36 bilhões de orçamento em seis anos

  • Dennis Allan 6c5g62

    Apolo: eloquente e humilde

  • Lindanir Canelo 8405g

    Como ficar elegante usando calça legging no inverno 2025

  • Neivo Zago s3626

    Futebol e suas nuances

  • Diocese 2z5x2x

    Discernimento à luz do Espírito

  • Marcos Vinicius Simon Leite 5g2q45

    Compensar

  • Jaime Folle 5a5p6k

    Medos - fantasia e realidade

  • Gilberto Jasper 1v64e

    Paradoxos da velhice