As origens do cooperativismo se confundem com as origens da humanidade. Certamente, sem ações solidárias entre seres humanos não haveria condições de sobrevivência dessa espécie tão frágil.
Bem mais tarde, com a evolução dos tempos e das disparidades nas relações envolvendo capital e trabalho, o cooperativismo, por meio de pessoas inconformadas com as diferenças geradas pela Revolução Industrial, na Europa, nos séculos XVIII e XIX, encontrou precursores teóricos que aspiravam uma sociedade fraterna e ideal.
Obras como “A república” de Platão, “Utopia” de Tomas Morus, “Cidade do Sol” de Tomás Camla e “Nova Atlântida” de Francisco Bacon, serviram de referências inspiradoras, e de algum modo, influenciaram os chamados pensadores socialistas utópicos, precursores do cooperativismo.
Cabe citar, entre os utópicos, os ingleses Hohn Bellers, Robert Owen e Willian King; além dos ses Charles Fourier e Louis Blanc (espanhol que viveu na França) e o Belga Felipe Buchez, grandes mentes que prepararam o terreno e lançaram as primeiras sementes do atual sistema. Entre outras ideias, defendiam a posse comunitária dos meios de produção pelos trabalhadores organizados em cooperativas.
Seus ideais compreendiam a busca da justiça, paz, ordem, felicidade e bem-estar coletivo, em detrimento às abismais diferenças sociais.
Porém o cooperativismo moderno, como conhecemos hoje, nasceu mesmo na Inglaterra, no século XIX. Naquele período, iniciava no mundo desenvolvido uma realidade mercantilista norteada pelo pensamento dos filósofos Newton e Descartes, que induziam todos a uma forma de relações ordenadas, como se as pessoas fossem engrenagens, voltadas principalmente à produção. A partir daí, consequentemente, adveio a divisão do trabalho de forma reducionista, influenciando deste modo, praticamente todas as atividades produtivas.
A partir daquele período histórico o mundo deixava de ser um grande aglomerado de imaginações singelas e atividades artesanais, e ava a constituir uma grande máquina impiedosa, que esmagava as relações humanas, ao priorizar o resultado. Émile Zola retrata de forma magistral as condições de vida dos mineiros de carvão, do norte da França, naquela época, em seu grande romance Germinal. Surge, desta forma, o sistema capitalista – que até hoje alguns insistem em chamar de “capitalismo selvagem”.
Foi justamente nesse tempo e nesse meio que nasceu o cooperativismo, ao se apresentar como uma alternativa de organização econômica mais justa. Entre seus princípios basilares estavam democratização da gestão e distribuição dos bens de produção. Voltada à geração de renda, a nova proposta tinha como objetivo maior a humanização das relações entre capital e trabalho.
Solidariedade, democracia, distribuição de benefícios e resultados econômicos são pressupostos básicos do verdadeiro cooperativismo.
Portanto, faz-se necessário a todos que os que participam do movimento cooperativista conhecer os princípios, missão, visão e valores da sua cooperativa, e as executem na prática diária. Originado das dificuldades do ado, o Cooperativismo se apresenta como grande alternativa de economia solidária para o futuro.
Médico e Membro da Academia Erechinense de Letras