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Opinião 572567

A inutilidade e o amor 674f63

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Por Jackson Arpini - Cirurgião Dentista
Foto Arquivo BD

Recentemente tive o privilégio de auscultar (ouvir com atenção) a uma preleção do padre Fábio de Melo. As falas do clérigo, envoltas e carregadas de profundo teor, nos conduzem a um horizonte de meditações – de reflexões.

Diz ele que feliz aquele que tem, ao final da vida, a graça de ser olhado nos olhos e ouvir “você não serve pra nada, mas eu não sei viver sem você”.

Quando avançamos na maratona da vida percebemos que perdemos, nos longínquos quilômetros percorridos, a utilidade. amos da fase em que servimos para alguma coisa e, consequentemente, para alguém, para os metros em que não servimos pra muita coisa, ou quem sabe, nem para muitos. Adentramos na reta da inutilidade.

O caminho da utilidade (boa parte do percurso) não permite muitos julgamentos. Em tese, estamos sendo úteis e, dessa forma, simplista ou não, temos valor.

Porém, quando os delineados músculos se resumem a frágeis carnes penduradas à pele, quando o timbre silencia e a a ressoar com sossego e mansidão, quando os ouvidos não captam mais as falas, quando os rostos expressam esculturas, que retratam o cansaço da maratona; quando as pernas fragilizadas não se movem sem auxílio de algo, quando as funções orgânicas ficam desorientadas e quando não somos mais autônomos e, sim, dependentes de algo e de outrem, estamos entrando na etapa da inutilidade.

E é nesse caminho que reside o risco, pois amos, em situações mais delicadas, a depender de alguém e perdemos, aos poucos, o valor. Para alguns que assistem começam os dissabores da vida e para tantos outros, semelhantes próximos, se desvenda o amor.

É o período do descobrimento – da chegada. Só ficará ao lado, até ruptura da fita, quem descobrir que, além da utilidade, há no parecido a valia. Não o valor de outrora, do útil, e, sim, o valor do significado. O mérito dos tijolos humanos – da obra humana.

Acolher e tolerar a classificada "inutilidade" é compreender que as pessoas são, nos quebradiços os finais, a verdadeira obra. É entender que boa parte do percurso já foi percorrido. É perceber que o igual, mesmo que dependente, tem a sua enorme relevância, talvez, aqui, nesse momento delicado (inutilidade), o seu maior valor, pois como diz o padre “(...) eu peço a Deus sempre a graça de ter alguém que me coloque ao sol, mas, sobretudo, alguém que venha tirar depois”.

Ainda segundo ele, “(...) é o período da purificação”. É o tempo que nos encontramos com o amor. Não há troca de serventias. Não há interesses. É o momento do encontro único e indescritível – o abraço de almas.

Ouso versar que esse acontecimento sublime nunca foi descrito por ser singular, para que cada um, intimamente, faça a sua escrita, sua resenha. É a reta que muitos visualizam a chegada, mas, mesmo assim, gostariam que fosse o traço mais distante de suas maratonas - se possível, infinito.

É o tempo em que algo nos une e, ao mesmo tempo, torna-nos inseparáveis. É o amor, pois só ele, como diz o Fábio, nos dá condições de cuidar do outro até o fim.

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