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O livro de Habacuque relata a busca de sentido em um mundo injusto. O profeta procurou entender o que Deus fazia e não fazia em relação à crueldade e à corrupção humana. Habacuque perguntou, e Deus respondeu. Habacuque não conseguiu conciliar a resposta de Deus com seu entendimento do caráter divino e fez mais perguntas.
Esse profeta mostrou uma atitude de reverência enquanto aguardava resposta de Deus. Mesmo assim, o Senhor não tirou todas as suas dúvidas e não explicou todos os seus propósitos. Habacuque entendeu que Deus não tem obrigação de se justificar para suas criaturas, e que talvez ele não veria o acerto de contas que ele pedia. Ele decidiu ficar quieto e esperar, sem saber quando ou se Deus se manifestaria (Habacuque 2:1,20; 3:16).
E se Deus demorar? Se ele nem responder? Como esse homem reagiria? A resposta dele nos ensina uma lição importante:
“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na videira; ainda que a colheita da oliveira decepcione, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas desapareçam do aprisco, e nos currais não haja mais gado, mesmo assim eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é a minha fortaleza. Ele dá aos meus pés a ligeireza das corças, e me faz andar nas minhas alturas” (Habacuque 3:17-19).
Ainda...ainda...ainda. Essa palavra repetida foi a maneira escolhida pelos tradutores para comunicar a ideia dessa série de afirmações do profeta. Poderia ser “mesmo” ou outra palavra que traz o mesmo sentido. Interessante que Habacuque não falou de uma paciência de curto prazo. Ele não disse “ainda se demorar para florescer”, e sim “ainda que não floresça, que decepcione, que não produzam, que desapareçam, que não haja”. Ele cogita a possibilidade de nunca ver o acerto de contas que ele pedia.
Mesmo assim, ele adoraria o Senhor e confiaria em Deus como sua fortaleza.
A atitude de Habacuque ganha força no ensinamento de Jesus e seus servos. A ênfase no Novo Testamento não está nas condições da vida neste mundo injusto. Jesus nos chama para investir no céu (Mateus 6:19-21). Ele diz que podemos aceitar até a morte do corpo por causa da confiança que temos no acerto eterno (Mateus 10:28). A perspectiva do cristão vai muito além das circunstâncias terrestres, pois vivemos com “uma viva esperança..., uma herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não murcha e que está reservada nos céus para vocês” (1 Pedro 1:3-4).