“Quer aparecer? Pinta o bumbum de vermelho e sobe numa mesa!”. A frase – tão velha quanto o mundo - era uma reação a toda tentativa de alguém buscar fama, destaque ou “ser diferente”.

Hoje, época da ditadura tecnológica, a cada dia surgem novas alternativas para que qualquer pessoa possa instantaneamente conseguir 15 segundos de fama.

Não sou adepto às redes sociais. Não tenho Facebook ou Instagram. Utilizo whatsapp e o X – antigo Tweeter – como instrumentos de trabalho jornalístico. Mesmo sem participar, não a um dia que não fico pasmo diante da falta de respeito próprio na busca de destaque no mundo digital.

Bizarrice, obscenidade e falta de escrúpulos se multiplicam nas redes. Para obter audiência em todos os sentidos se multiplica o exército capaz de expor pais, filhos e até animais de estimação às situações mais vexatórias. Não importa o mau gosto, a deseducação e a possível reação negativa que os conteúdos possam gerar.

Importa, acima de qualquer limite, chamar a atenção. Mesmo que seja necessário ignorar os mais elementares preceitos de gentileza ou compostura. Tornar-se celebridade, mesmo por alguns minutos na rede mundial de computadores, atropela o bom senso que deveria permear as relações sociais.

A irresponsabilidade dos pais amplia o fosso entre a moda do mundo virtual e as regras básicas de convivência. Geralmente dentro de casa estão os péssimos exemplos. Além de não cobrar um comportamento adequado dos filhos, adotam posturas condenáveis no cotidiano. Desta maneira, estimulam atitudes egoístas, desrespeitosas e contrária à boa educação.

O único consolo é a rapidez com que as barbaridades entram e saem da das telas e de nossa rotina. Infelizmente o espaço destinado às bizarrices jamais permanece vazio. Tão logo um absurdo saia de moda, logo em seguida um novo vídeo, música ou “meme” viraliza, confirmando que a capacidade criativa dos idiotas é infinita, onipresente.

Por vezes sou tentado a aderir às redes sociais, mas – confesso! – a vontade a rapidinho. Em pouco tempo travo conhecimento de um novo idiotismo para voltar à certeza de que, entre ficar por fora de alguma novidade nefasta através da tecnologia, prefiro ficar um pouco mais ignorante.