Hoje é Dia da Língua Portuguesa, data comemorada nos países lusófonos, em homenagem ao poeta Luís Vaz de Camões, autor de “Os Lusíadas” 4s20a
“Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer”... Na voz de Renato Russo (Legião Urbana), o trecho do poema de Luís Vaz de Camões popularizou-se no Brasil. Em homenagem ao poeta nascido em Portugal e autor da obra “Os Lusíadas”, comemora-se na nesta sexta-feira, 10 de junho, o Dia da Língua Portuguesa.
“Os Lusíadas” é considerado o maior poema épico da Língua Portuguesa. É composta por dez cantos, 1.102 estrofes e 8.816 versos que seguem um rígido esquema de rima para contar detalhes da viagem de Vasco da Gama por “mares nunca dantes navegados”. Não à toa, Camões é tido como uma das maiores figuras da literatura lusófona. Mas aventurar-se pelo poema não é privilégio de grandes autores. Se o olhar e os ouvidos estão atentos aos ambientes, às histórias, às pessoas e à sonoridade das palavras, construir um texto com métrica, rima e ritmo é uma questão de prática.
Olimpíada de Língua Portuguesa
O desafio de escrever um poema será enfrentado pelos alunos de 5º a 6º anos do Ensino Fundamental de quase 40 mil escolas públicas do Brasil, inscritas na 5ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, organizada pela Fundação Itaú Social e pelo Ministério da Educação, com coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Mas as práticas de produção de texto podem – e devem – ser desenvolvidas por todos os professores de Língua Portuguesa das redes públicas e privadas. A Fundação Itaú Social reuniu algumas dicas para auxiliar os professores nas atividades de escrita de poemas nas salas de aula.
Como fazer um poema:
• Reúna antecipadamente o material que irá utilizar, considerando a característica da turma.
• A escrita precisa de repertório. Organize debates e conversas sobre o tema em sala de aula; forneça orientações que ensinem o aluno a pesquisar e programe atividades interdisciplinares. Realize um trabalho com os alunos para que eles vejam o entorno com outros olhos. Brincar e redescobrir os elementos que os rodeiam ajuda a assumirem uma postura de “poetas”;
• Considere que um poema pode enaltecer o tema escolhido, mas também pode critica-lo, apontar as mazelas, fazer ironia ou humor, expressar lamento ou melancolia;
• Apresente uma coletânea de poemas aos estudantes e mostre os elementos que os compõem (louvores a pessoas, lugares e coisas) e as formas que utilizam, indo além da simples qualificação por meio de adjetivos;
• Trabalhe com as figuras de linguagem e faça os alunos notarem como elas podem ajudar a criar uma imagem do tema;
• Desenvolva atividades para explorar as figuras do som, como a aliteração e o ritmo, e especialmente as assonâncias no que diz respeito às vogais nasais e nasalizadas;
• Não é necessário trabalhar com a métrica do poema diretamente, mas faça-o por meio de outras atividades que focalizem o ritmo, buscando cantá-lo em voz alta, marcá-lo com as mãos ou com os pés. Apresente diferentes tipos de textos, como canções e trava-línguas;
• Explore de diferentes maneiras os jogos sonoros das palavras para que seja possível trazer esse elemento aos olhos e ouvidos dos alunos;
• Realize várias vezes a leitura em voz alta dos poemas produzidos. Se a leitura puder ser gravada, será mais fácil fazer as observações;
• Apresente diferentes recursos expressivos, como o uso preciso de pontuação, a troca de rima ou a posição de palavras no verso, a realização de inversões frasais, etc.
• O processo de escrita exige planejamento, que inclui a produção da primeira versão, a leitura crítica – pelo próprio aluno, pelos colegas e pelo professor –, as várias reescritas, a edição e a revisão final. É esse ajuste fino que gera um bom texto.